Creci rodeada de livros.
Lembro-me do meu pai, todos os meses, aparecer em casa com a revista do Circulo de Leitores (http://www.circuloleitores.pt), e passar umas horas a analisar as novidades, os últimos lançamentos, marcando os livros que queria ler. Quando chegavam, os livros iam para a prateleira dos não lidos devidamente embalados, e misteriosamente iam sendo desembalados e colocados noutra prateleira. A prateleira dos lidos!!!
Eu, não era esquecida. Todos os meses aparecia um livro na minha mesinha de cabeceira. Livro esse que eu devorava num abrir e piscar de olhos. Mesmo quando ainda não sabia ler, adorava folhear e admirar as letras impressas nas páginas, que eu sabia, que se as juntasse formariam palavras. Palavras que formavam frases e contavam estórias.
Depois de aprender a ler foi um ver se te havias, ainda hoje é assim, como se tentasse recuperar o tempo perdido, como se tentasse ler tudo o que já tinha sido escrito e eu ainda não tinha lido.
Lia em qualquer lugar. Á luz da lanterna debaixo dos lençois até a minha mãe gritar: Dorme rapariga. Na banheira (para não ser apanhada alguns livros tomaram banho comigo ups). De madrugada, á luz da lareira, quando ficava com a minha avó. Ainda hoje é assim. Leio no comboio, no café, a cozinhar, a andar pela rua….não me consigo conter….é mais forte do que eu…..
Tal como o meu pai, todos os meses, compro livros, para mim e para a minha filha que também apanhou o bichinho.
A minha paixão é tal que mil vezes sair de casa sem telemóvel do que sair sem um livro.
Os livros transportam-me para um mundo que não é o meu. Dentro deles sou princesa, mendiga, detective, assassina….Vivo mil e uma vidas que não são a minha. Cada folha que viro é mais uma etapa da viagem pelo mundo de aventura que aquele escritor escreveu para mim.
Lá em casa, os meus livros também vão para a prateleira dos não lidos, e misteriosamente passam para a outra, a dos lidos.
Também lá em casa eu faço o que o meu pai faz: Compro móveis para por livros.
E a tradição do meu pai continua. Todos os livros depois de devorados levam a assinatura e a data de quando passaram para a prateleira dos lidos.Os do meu pai têm duas: a dele e a minha. Espero que daqui a uns anos os meus tenham a minha e a da minha filha.
Maribel Lourenço says
Menina Cláudia 🙂
Que fantástica relação com os livros e que gosto dá ler este resumo de uma amizade tão longa e feliz 😉
Embora de uma forma mais contida, cá por casa também circulam livros sem conta e também vão sendo compradas novas estantes para alojar novos “amigos”.
Nos ultimos 8 anos, são os livros mais infantis que preenchem os momentos de leitura e que de seguida partilham as estantes com os brinquedos que a idade também pede.
E que bem sabe ver as nossas meninas crescer, rodeadas de livros e a deliciarem-se com as histórias que eles oferecem.
Bjinho e boas leituras.
Claudia Correia says
Olá Maribel…..fico muito contente que tenhas gostado do meu texto….os livros são uns amigos fantásticos que nos podem acompanhar para todo o lado….ambas tentamos incutir nas nossas Ineses este gosto.
Beijinhos