10 Estratégias para Cuidadores de Familiares com Doença de Alzheimer
Receber o diagnóstico de Doença de Alzheimer causa um forte impacto no próprio doente e nos seus familiares, em grande medida justificado pelo facto de esta ser uma doença neurodegenerativa para a qual não existe cura e que se caracteriza pela progressão dos seus sintomas. A adaptação a esta nova realidade é portanto um processo gradual, que implica várias mudanças no estilo de vida do doente de Alzheimer e na do seu cuidador.

A pensar nos desafios e no desgaste físico e emocional que os cuidadores de familiares com a doença de Alzheimer enfrentam todos os dias, aqui ficam dez estratégias que devem colocar em prática.
1. Devo cuidar de mim
O primeiro passo para cuidar melhor do seu familiar com Doença de Alzheimer é tomar consciência de que necessita de cuidar de si. Se assegurar a sua saúde física e psicológica, estará a garantir uma melhor assistência ao seu familiar.
2. Devo planear o meu dia
As frequentes perdas de memória e consequentes situações de desorientação espacial e temporal causadas pela Doença de Alzheimer requerem a existência de uma rotina. Ao fazê-lo, o cuidador dá ao seu familiar uma sensação de protecção e de segurança, ao manter horários fixos para a realização das actividades de vida diária (como por exemplo para a alimentação e higiene). Para além disso, permite também ao cuidador gerir de forma mais eficiente o seu tempo e energia.
3. Devo viver um dia de cada vez
Esta estratégia reforça a importância de pensar apenas no dia presente e nos desafios que enfrenta hoje, ajudando os cuidadores a concentrar as suas energias no que é prioritário a curto prazo. Esta estratégia possibilita uma diminuição da sensação de sobrecarga, ajudando os cuidadores a manterem a objectividade em relação às suas tarefas e afazeres.
4. Devo aceitar a ajuda de outras pessoas
Não deve tentar ser o único responsável pelo doente de Alzheimer, pois tal conduzirá à sua sobrecarga e esgotamento físico e mental, fazendo com que não consiga prestar ao seu familiar os cuidados de que este necessita. O primeiro passo para ser ajudado é pedir ajuda, portanto não encare o pedido de ajuda como uma fraqueza e faça um esforço por delegar actividades e tarefas.
5. Devo manter o sentido de humor
O sentido de humor pode ajudar os cuidadores a lidar com situações difíceis. Implica ser suficientemente objectivo para reconhecer alguma ironia em situações que, de outra forma, seriam dolorosas ou constrangedoras.
6. Devo lembrar-me de que os comportamentos e emoções de meu familiar são distorcidos pela doença de Alzheimer
A ausência de controlo sobre o comportamento da pessoa com Doença de Alzheimer é um dos factores que mais sobrecarga gera nos cuidadores. Estes doentes apresentam com frequência alterações comportamentais que podem adquirir formas distintas: depressão, ansiedade, rejeição do cuidador, deambulação ou insultos, entre outros. Naturalmente, estes comportamentos desencadeiam no cuidador uma sobrecarga emocional que se pode traduzir em irritação, desânimo, isolamento social e perda da auto-estima.
Nestas situações, os cuidadores podem acreditar que as alterações comportamentais resultantes da demência são dirigidas a eles, de modo pessoal. No entanto, deverá tentar desconstruir esta crença, lembrando-se que os comportamentos e o humor do seu familiar são influenciados pela doença de Alzheimer.
7. Devo desfrutar daquilo que o meu familiar ainda consegue fazer
Deve realizar actividades gratificantes em conjunto com o seu familiar (como por exemplo, escutarem música juntos, passearem, visitarem amigos ou verem fotografias de família).
Aproveitar os bons momentos é uma estratégia que os cuidadores podem (e devem!) adoptar para ajudá-los a superar as dificuldades actuais. Simultaneamente, permite reduzir a sobrecarga do cuidador e aumentar a auto-estima do doente de Alzheimer.
8. Devo manter uma rede social de suporte
À medida que a demência progride, o doente estará cada vez menos disponível para o cuidador. Por isso mesmo, e porque é fundamental que se mantenham as relações que nos são gratificantes, os cuidadores devem manter-se próximos da família e dos amigos pois estes asseguram uma fonte inesgotável de empatia, compreensão e apoio emocional.
9. Devo lembrar-me de que estou a fazer o melhor que sei
É importante que os cuidadores percebam que nem sempre é possível lidar com cada desafio de forma perfeita e exemplar, sendo capazes de reconhecer as suas limitações, pois tal permitir-lhe-á iniciar um processo de auto-aceitação e de auto-valorização.
10. Devo promover a autonomia do meu familiar
Um dos seus objectivos deve ser sempre o de que o seu familiar mantenha o maior nível de autonomia possível. Se, enquanto cuidador, aceder a todos os pedidos do doente com Alzheimer e fizer tudo por ele sem ter em consideração se ele é ou não capaz de o fazer sozinho, poderá estar a comprometer a sua autonomia. Neste sentido, se a sua ajuda for excessiva, é provável que as competências funcionais (como por exemplo, vestir-se, colocar a mesa, pentear-se, etc.) que o seu familiar ainda preserva sejam perdidas por este deixar de as utilizar.
Em suma, o seu grande desafio como cuidador de um familiar com Doença de Alzheimer é desenvolver um ambiente capacitador, que assente em rotinas e que minimize as suas alterações comportamentais.
E lembre-se que cuidadores bem informados e com uma boa preparação psicológica prestarão melhores cuidados ao doente!

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