As fleboextrações são dos métodos mais antigos de tratamento de varizes, mas os avanços recentes na tecnologia laser vieram projectar para a ribalta a ablação endovenosa, que promete ser uma técnica menos intrusiva e com recuperação pós-operatória mais fácil. Neste artigo compararemos as vantagens relativas de fleboextrações e de laser endovenoso, e procuraremos compreender se uma das técnicas é verdadeiramente superior à outra.
Porque se fazem as fleboextrações
Por fleboextração entende-se a remoção das veias safenas magna e minor, devido à falência desta veia superficial do sistema venoso da perna, com a resultante formação de varizes. As veias superficiais do nosso corpo são canais circulatórios de baixa pressão, logo mais vulneráveis que as veias profundas de alta pressão, que além de possuírem paredes de maior espessura também estão protegidas pela fáscia muscular.
Nesta interligação entre canais venosos de baixa e alta pressão, duas grandes situações levam ao surgimento de varizes. Uma é um obstáculo que dificulta a circulação sanguínea nas veias profundas das quais a safena magna é tributária, tendo como resultado a incapacidade do sistema de baixa pressão continuar a drenar o sangue venoso, acumulando-o e dilatando-se, com as paredes mais finas a não aguentarem a pressão acrescida. Outra situação comum é a falência da válvula na junção de duas veias (nomeadamente na junção safeno-femoral), levando a refluxo sanguíneo e gerando acumulação de sangue e a falência consecutiva de outras válvulas ao longo do sistema.
As fleboextrações eram conhecidas já no início do século e, fora os refinamentos tecnológicos, funcionam segundo os mesmos princípios básicos. Duas incisões são feitas na perna do paciente, uma na zona inguinal e outra no tornozelo. Um instrumento, chamado stripper, é inserido ao longo da veia e fixado a esta, para posteriormente a “puxar” através da incisão. Para a remoção de outras veias, novas incisões devem ser feitas.
Sendo um procedimento de alta eficácia, a existência de múltiplas incisões e a remoção de um importante vaso venoso são geradores de edemas e dores, conducente a duas semanas de repouso recomendadas. Em particular, a incisão do tornozelo é de mais difícil cicatrização e dolorosa.
Laser endovenoso: revolução nas fleboextrações
Ao invés de remover os canais venosos incompetentes, o laser endovenoso (mais especificamente a fotocoagulação ou ablação por laser endovenoso) administra energia laser directamente no interior da veia, levando à formação de trombos e à destruição do endotélio. Isto é conseguido inserindo na veia um cateter com fibra laser até este estar em posição.
Esta alternativa à fleboextração administra a sua energia de modo bastante localizado, minimizando os danos aos tecidos adjacentes e preservando as veias tributárias, reduzindo por isso em muito os edemas e hematomas resultantes, consequentemente o tempo de recuperação. Nos casos em que a veia está demasiado perto da pele, a emanação de calor pode levar a queimaduras. Usualmente, a anestesia tumescente de codeína com soro gelado é suficiente para eliminar este risco, pois a tumescência afasta a veia da pele e serve de barreira que dissipa o calor excessivo.
Como resultado da menor incisão e da ausência de tracção destruidora de circuitos venosos tributários, o laser endovenoso é uma terapia menos agressiva que as fleboextrações tradicionais e que permite o regresso do paciente a uma actividade normal em menos tempo. Existem no entanto indicações de que pode ser mais propenso à revascularização da safena, caso o cirurgião não proceda à dissecação da junta safeno-temporal.
Tanto as fleboextrações clássicas, quanto a ablação por laser endovenoso têm mostrado igual eficácia na eliminação da veia safena varicosa, com a técnica mais recente a ter a vantagem de ser menos agressiva e por isso preferível. Se bem que a opção final depende da opinião médica, a disponibilidade desta técnica significa um tratamento menos prejudicial para o quotidiano dos indivíduos que sofrem de varizes.
Finalmente, é importante lembrar que os tratamentos precoces têm mais possibilidades de sucesso e é inclusivamente possível salvar uma veia safena meramente dilatada.