O tema da educação, e ensino à distância, é vasto e não linear. Isto porque o propósito tem sido o de assegurar a escolaridade obrigatória precisamente a indivíduos pertencentes a faixas etárias situadas antes da idade adulta – o que levanta algumas questões como: as camadas mais jovens da sociedade possuem capacidades para gerirem, de forma autónoma, a sua aprendizagem? Como consegue ser gerida a distância física entre alunos e professores?
Problemática do ensino à distância
No ensino à distância assume-se que as pessoas podem aprender sozinhas e que têm a necessária capacidade de auto-dirigir e auto-regular essa mesma aprendizagem – um conceito originariamente apelidado de “estudo independente” segundo Wedemeyer, 1971, ou seja, um sistema que na sua essência conta, de forma decisiva, com a capacidade do aluno para prosseguir uma aprendizagem auto-dirigida que no caso de alunos jovens, esta capacidade para estudar de forma autónoma e independente, será, talvez, o factor mais importante a considerar na reflexão – uma vez que, tratando-se de indivíduos em processo de desenvolvimento e maturação tanto a nível cognitivo como a nível afectivo, dificilmente poderão verificar-se índices de controle elevados sobre as estratégias cognitivas e metacognitivas envolvidas no processo de aprender no ensino à distância.
O que é, afinal, aprender?
Há quem sugira que um desempenho escolar proficiente depende fortemente de um conjunto de competências autorregulatórias implícitas em qualquer actividade de aprendizagem – tanto presencial como de ensino à distância -, competências que podem passar:
- pela capacidade de avaliar as questões colocadas;
- identificar alternativas de resposta;
- decidir sobre o caminho a seguir;
- definir objectivos próximos com a função de orientar o esforço;
- criar auto incentivos para sustentar o empenho na tarefa;
- gerir todo um conjunto de factores de distracção com que os alunos se confrontam durante a realização das tarefas.
O contacto entre alunos e professores
Como é estabelecido este contacto no ensino à distância? Uma das formas de superar a distância geográfica entre alunos e professores está presente no que Holmberg (1989) designou de “carácter conversacional” de que são característicos os conteúdos dos cursos de ensino à distância, pelo menos os que são produzidos em contextos tradicionais, ou seja, os contextos que predominavam até ao aparecimento das novas tecnologias digitais e em rede que a Internet veio disponibilizar e que passam a permitir a utilização de outras estratégias, nomeadamente através de uma maior aproximação, que não de carácter geográfico, entre professores e alunos.
Diálogo Comunicacional
Esta variável, o tal carácter conversacional, também designada de “diálogo comunicacional”, decorre precisamente da importância que a interacção entre professor e alunos pode desempenhar na aprendizagem – mas igualmente na superação dos factores que em sistemas de ensino à distância costumam ser identificados como obstáculos a essa mesma aprendizagem como é o caso, por exemplo, dos indivíduos se sentirem sozinhos ou não conseguirem superar por si as dificuldades emergentes e implícitas ao acto de aprender.
Tecnologias digitais e o sanar dos obstáculos
Com o conjunto de tecnologias de comunicação que passaram a estar disponíveis online, através da Internet, poderemos mesmo ir mais longe na concepção deste tipo de contextos de ensino à distância, incluindo na análise o elemento que, nos sistemas convencionais de ensino à distância, representava o elo mais fraco, quando comparados com o sistema assente no ensino presencial – é o caso da possibilidade de inclusão de estratégias de trabalho colaborativo entre os alunos, com o que isso representa, pelo menos no seio das abordagens sobre a aprendizagem por interacção em que é assumida e valorizada a construção social do conhecimento: o ganho para cada aluno no reforço e na consolidação das aprendizagens – e igualmente ao nível da superação da condição de isolamento em que os alunos se encontram.
DEIXE UM COMENTÁRIO