A crise na Ucrânia atingiu proporções inimagináveis nos dias 18-20 de Fevereiro, onde a violência fez várias dezenas de mortos. As manifestações começaram em Novembro último, após o adiamento da assinatura do Acordo de Associação com a União Europeia e uma aproximação à Rússia, através da proposta de um acordo bilateral. Terminou com um afastamento da Europa.
Um país, duas línguas, várias regiões
Com esta na crise na Ucrânia, voltou a falar-se das diferenças entre o leste e o oeste da Ucrânia.
O oriente do país é a região onde ficam os jazigos mineiros e as indústrias de aço e combustíveis e onde a influência russa é mais forte: a maioria da população fala russo e faz fronteira com o país de Vladimir Putin.
O ocidente é pró-europeu, tendo os actuais manifestantes mais influência nessa região. Esta diferença foi visível nos resultados das eleições presidenciais de 2010, em que venceu Viktor Yanukovych – o leste do país votou no actual presidente; o oeste escolheu a líder da oposição, Yulia Tymoshenko.
A crise na Ucrânia tem o seu centro em Kiev, a capital do país. Lviv, cidade no extremo ocidental, é outra zona onde os opositores têm estado mais activos. A leste nada de especial acontece, porque Yanukovich tem a sua base de apoio nessa região ucraniana.
Lendo esta notícia entende-se o que está em jogo: uma luta pelo poder, a que se pode seguir para uma eventual divisão da Ucrânia em dois estados – o leste do país de influência russa e o oeste pró-europeu. Se no futuro isto suceder, a Rússia reganhará o controlo da península da Crimeia. E a crise na Ucrânia tem origem em aspectos económicos, influenciados por jogos geopolíticos.
Após a crise na Ucrânia qual será o futuro?
Portugal tem interesse indirecto na questão ucraniana. Faz parte da União Europeia e existe uma importante comunidade imigrante ucraniana a viver no país. Os ministros dos negócios estrangeiros da União reuniram-se dia 20 de Fevereiro em Bruxelas, decidindo aplicar sanções a um conjunto de políticos. Mas todos seguem a Alemanha que tem interesse especial pelo país.
Após os últimos desenvolvimentos sobre a crise na Ucrânia, o que acontecerá ao país? O presidente Viktor Yanukovick foi destituído pelo parlamento, a líder da oposição Yulia Tymoshenko foi libertada e os parlamentares escolheram o dia 25 de Maio como data para as eleições presidenciais. Mas ViktorYanukovich fala em golpe de estado, tal como o ministro dos negócios estrangeiros da Rússia.
Vamos aguardar pelo resultado das eleições presidenciais de 25 de Maio e esperar que até esse dia os governadores das regiões orientais ucranianas não se separem do resto do país. A crise na Ucrânia ainda não acabou. O que terminou (por agora) foi a violência que quase levou o país para uma guerra civil. A ameaça de separatismo do oriente ucraniano mantém-se.
Para seguirem com mais detalhe estas questões entre a Ucrânia e e o país dos czares, podem visitar o blogue darussia.blogspot.pt escrito por José Milhazes, jornalista português a viver na Rússia.
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