A velocidade, boa sensação, torna-se muitas vezes em uma inimiga. Veja como.
Pelo princípio: a máquina
Máquinas construídas, velocidades atingidas? Não. Quando uma máquina é construída, possui limites máximos de utilização que não têm necessariamente de ser utilizados – normalmente até nunca atingidos, meramente indicadores, e muitas máquinas possuem reguladores de potência. Está a perceber? Um rádio ou amplificador possui um botão para regular o volume de som que não tem de estar no máximo.
Ou um frigorífico, por exemplo, tem um botão para regular a temperatura e normalmente nunca está, de igual forma, no máximo. Ou seja, a maioria dos utilizadores usufrui destas máquinas a menos de metade da sua potência. Também é assim com os automóveis: um veículo automóvel não tem de andar na potência nem na velocidade máxima. Mas vai acontecendo.
Vrum, vrum, acelera, embate!
Os acidentes rodoviários têm muitas vezes como causa directa a velocidade. Como? Assim:
Quando aumenta a velocidade do veículo, aumenta o risco do acidente pela diminuição da capacidade de percepção e de domínio do veículo em caso de acontecimento imprevisto;
- O aumento da velocidade diminui a aderência ao solo aumentando, assim, a probabilidade de despiste ou perda de controlo do veículo;
- Aumentando a velocidade, aumenta – geometricamente falando – a gravidade dos danos causados nos veículos, ocupantes e peões por influência da Energia Cinética – duplicando a velocidade, quadruplicamos a energia – ou seja, por exemplo, um veículo ligeiro que circule a 50 kms/hora desenvolve uma quantidade de energia que exige cerca de 12 metros para o imobilizar em caso de travagem em piso seco. Já se circular a 100 kms/hora necessita de cerca de 48 metros para se imobilizar, ou seja, necessita do quádruplo do espaço para absorver a energia desenvolvida;
- Sempre que o condutor aumenta a velocidade do veículo, corre o risco de ultrapassar os limites de segurança e protecção proporcionados pela via (caso dos rails metálicos das autoestradas) e a capacidade de protecção e de segurança proporcionada pelo seu veículo e pelos seus sistemas de segurança activa e passiva;
- Ao proceder a um aumento da velocidade de um veículo cria aumento de segurança no condutor, é um paradoxo, como se conduzir a uma velocidade de 120 km fizesse sono, sensação de fadiga passiva, e fazendo-a aumentar diminuísse a monotonia. A verdade é que a quebra da monotonia também resulta em quebra ossos;
- Os veículos modernos e as boas estradas transmitem uma sensação de segurança ao utilizador – lá está – que não é real. Isto é, a segurança sentida pelo condutor, completamente subjectiva e ilusória, poderá ser – e normalmente é – inferior à segurança efectivamente proporcionada pelo veículo e pela via.
PUM!
Quase todos os condutores sofrem, portanto, da síndrome da velocidade aumentada – também conhecida pelo pensamento iterativo EU SOU O MELHOR CONDUTOR DO MUNDO. Vrum, Vrum, embate: PUM!
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