Tatuagens e piercings são sinais dos tempos e marcas que ficam no tempo. Sabe há quanto tempo o Homem grava símbolos, produção cultural, na sua pele?
Sinais dos tempos
As tatuagens e piercings existem, e persistem, desde sempre. Creio até que os homens das cavernas deviam furar as peles com paus para mostrarem às mulheres das cavernas o quanto , valentes, resistiam à dor e elas, por sua vez, retribuíam pintando os mamilos misturando sangue com barro (mas isso sou eu que digo, não tome como certo).
Para os índios Sioux, e também para os egípcios, era assim uma forma de expressão religiosa ou mágica – o índio, vejam lá como os índios eram católicos emancipados, acreditava que após a morte seriam as tatuagens a assegurar-lhes a passagem para o paraíso. Para algumas comunidades primitivas das ilhas do pacífico, a pintura no corpo tinha a significância da transição da infância para a maioridade (a adolescência ficaria perdida no pincel improvisado) e igualmente um reflexo de ascenção social: quanto mais tatuado um corpo, mais elevado o seu estatuto na tribo (agora é capaz de ser ao contrário). No Japão feudal, consta-se, a coisa piava mais baixinho – as tatuagens eram usadas como forma de punição.
Ainda hoje no Ocidente, a este respeito, se faz a associação de tatuagens e piercings a grupos marginais ou profissionalmente ímpares como os marinheiros, soldados, presidiários.
Lembram-se do Poppey, the sailor man?
Também ele trazia, e traz, tatuada em ambos os braços, uma âncora ostentada como imagem de marca. Ao longo dos tempos as tatuagens e piercings adquiriram a forte característica da diferença, não obstante ter-se tornado em uma prática tão generalizada: uma moda. O que faz com que tanta gente enfrente – a dor, o carácter permanente, o risco para a saúde, os preconceitos – tantas contra-indicações?
Por que raios a moda das tatuagens e piercings conquistou tantos adeptos?
O uso de tatuagens e piercings deixou de ser apenas uma prática cultural, ou simbólica de alguns grupos sociais, tornando-se em uma exploração do consumo do fascínio pelo diferente. Ser diferente, ao que parece, diferente por fora, é a grande motivação apontada para a realização e uso de tatuagens e piercings – são igualmente explorados como acessórios, quase irreversíveis é certo, de moda. Pelo menos dúvidas não há: são cada vez mais as pessoas na disposição de gravarem na pele figuras que supostamente (eu não sou de todo fã) cativam, excitam, embelezam os corpos.
Onde se fazem piercings e tatuagens?
Com tamanha adesão, e apesar de haver um mercado marginal, proliferam ateliês – verdadeiras clínicas artísticas estéticas – onde é possível pintar e furar as carnes com toda higiene, segurança, conforto e, até mesmo, luxo. Tamanho é o sucesso desta prática da moda, tatuagens e piercings, que nasceram outras indústrias paralelas à inicial: já é possível a tatuagem efémera ou a remoção da anterior.
Há aqui uma marca, um sinal dos tempos modernos – aqueles em que os filhos da urbanidade querem participar e diferenciar-se socialmente. Só não querem comprometer-se.
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