Se estás prestes a concluir o ensino secundário e entrar na universidade, certamente já te questionaste sobre o que te espera. O que acontece se não fores colocado onde queres? E se não quiseres participar nas praxes? Será que tens de estudar muito? E a tua vida social, será que vai ficar afetada?
Não te assustes, não é tão complicado como parece! Comecemos pelo ponto fulcral: o estudo.
#1. Estudar, estudar, estudar?
É verdade, o ensino universitário tem muito pouco a ver com o que nos habituam no secundário. Há vários estilos de ensino: o professor tecnológico, para quem o PowerPoint (ou similares) é tão essencial como oxigénio e links para vídeos e tutoriais são o pão-nosso de cada dia; o professor escritor, que escreve e apaga o quadro cerca de 101 vezes numa só aula (numa estimativa conservadora); e, claro, o professor orador, para quem suporte de qualquer forma é para meninos – e quem não tirar apontamentos, azar! Isto apenas para referir alguns. No entanto, todos te vão dizer uma coisa quando entrares no ensino superior: tens de estudar!
Na universidade, existe um sistema chamado ECTS (European Credit Transfer System), que passou a vigorar em Portugal desde a adoção do Processo de Bolonha. Mas o que são e para que servem? Simples: os ECTS são uma maneira de estimar o tempo que precisas de dedicar a uma cadeira! Uma licenciatura tem, por norma, um total de 180 ECTS distribuídos por 3 anos. Isto dá 60 ECTS por ano, logo 30 ECTS por semestre. Se tiveres 5 cadeiras num semestre, cada uma terá uma média de 6 ECTS. O problema? 1 ECTS equivale a cerca de 28 horas de trabalho! Isto quer dizer que, idealmente, dentro e fora das aulas de uma só cadeira, terias de te aplicar durante 168 horas.
Então a tua vida vai ser só estudar?! Claro que não! Os ECTS apenas servem para dar uma perspetiva geral sobre a quantidade de trabalho necessária para compreender a matéria. Isso não quer dizer que precises de todas estas horas de estudo: talvez precises de mais, talvez de menos, o importante é que compreendas aquilo que te propuseste a estudar. Para além do estudo continuado, ir às aulas, estar atento, tirar bons apontamentos e fazer os exercícios/projetos que os teus professores te propoem é meio caminho andado para conseguires ter sucesso numa cadeira!
#2. Entrei no ensino superior, mas não no curso/universidade que queria! O que faço?
Calma! A entrada no ensino superior não se faz de uma só maneira. Para além de poderes sempre tentar um novo ingresso no próximo ano, sabias que existem regimes especiais de acesso? Podes pedir transferência de curso ou de faculdade, por exemplo. Para isso, tens de tratar de toda a papelada necessária nos serviços da tua faculdade e nos da faculdade que pretendes frequentar (se for esse o caso). E isto não se limita só a quem está no primeiro ano da faculdade! E mais: se tiveres mais de 23 anos de idade, podes candidatar-te ao regime de maiores de 23 anos, cujas candidaturas começam, por norma, por volta do mês de Março de cada ano. A acrescentar ainda que um curso já completo não te impede de mudares de área: é para isso que existe o regime para titulares de curso superior! Como vês, tens um leque de opções muito alargado para te movimentares no meio universitário, como tal nada está perdido – pelo contrário, ganhaste uma nova experiência!
#3. Viva a praxe, abaixo a vida social?
Devido a trágicos acontecimentos recentes, a praxe tem sido bastante criticada pelos media portugueses, e defendida acerrimamente pela maioria da população estudantil universitária. Afinal quem tem razão? A resposta é subjetiva, como acontece com quase tudo na vida.
A praxe tem, na teoria, uma índole de integração e motivação dos caloiros a terem orgulho na sua instituição de ensino e curso. Na prática, contudo, existem muitos excessos. Seja qual for a decisão, o maior interesse tem de ser teu: se a tua única motivação para integrares a praxe é o medo de não te integrares, não tenhas medo: a praxe é um meio de integração, sim, mas não é o único!
A convivência vai acabar por surgir naturalmente e não é por andares aos berros com outras pessoas no meio da rua que vais ficar automaticamente próxima delas. Se, pelo contrário, a ideia da praxe te agrada, vai em frente, mas não te esqueças dos teus limites – ninguém pode ser obrigado a fazer seja o que for contra a sua vontade.
Então mas se tenho de estudar imenso e quiçá participar em praxes, o que vai ser da minha vida social com a entrada no ensino superior? Essa é uma das belezas de frequentar a universidade: como a tua carga horária vai ser mais exigente que no secundário, vais aprender a gerir melhor o teu tempo e a arranjar espaço para conviveres com os teus amigos! Essa capacidade de gestão é uma mais-valia para o teu futuro pessoal e profissional, como tal quanto mais cedo a desenvolveres, melhor! Isto já para não falar que, entre aulas ou na hora de almoço, há sempre oportunidades para conviveres com os teus colegas, desde um joguinho de cartas a um café no snack-bar mais próximo!
A entrada no ensino superior é apenas o próximo passo de muitos. Durante os próximos anos da tua vida, vais conhecer muita gente nova, aprender a lidar com as mais variadas situações, desafiar e expandir os teus conhecimentos e, acima de tudo, vais construir o teu futuro! Em resumo: estudar na universidade é bom!
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