O “grande caçador branco”, um símbolo do colonialismo e da exploração dos recursos naturais africanos, foi imortalizado pela literatura em plena época Vitoriana, mas quem hoje se aventura num Safari em Moçambique, Botswana ou Zimbabwe, está a ter um papel fundamental na conservação das espécies. Passaram meros cem anos, mas as mudanças são profundas e excepcionais e o Parque Nacional da Gorongosa mostra-o como poucas outras localizações.
Das savanas africanas às páginas dos romances
Muitos imaginarão um safari em Moçambique do mesmo modo que os víamos em “As Minas de Salomão”, guiados pelas aventuras de Allan Quatermain. H. Rider Haggard publicou o romance em 1885, catapultando a figura de Quatermain para a imortalidade. Aquele que acabou por ser o primeiro romance britânico passado em África, acabaria por lançar todo um género, o “mundo perdido”, em que o leitor é levado até terras e reinos lendários, das pirâmides Maias às Egípcias, passando pelos corações da Índia e África. O género viria a ver as incursões de Arthur Conan Doyle, Edgar Rice Burroughs, Rudyard Kipling ou do grande H. P. Lovecraft.
O público Vitoriano deixava-se fascinar por estas histórias sobre terras misteriosas, animais grandiosos e palácios perdidos nas selvas, que mostravam tão bem o espírito aventureiro do império Britânico, que por então explorava os confins do planeta e julgava vir a dominar cada continente e as suas lendas, presentes ou passadas. A par de Haggard, Jules Verne com “Cinco Semanas em Balão”, seria também precursor dos romances de safari e aventura. Sob as miras dos homens que inspiravam estes romances, homens como Frederick Selous, caíam alguns dos animais mais fascinantes que o público Europeu alguma vez vira.
No entanto, muitos desses mundos estiveram perigosamente perto de se tornarem realmente perdidos.
Um safari em Moçambique: a protecção das espécies e as férias de sonho
As longas filas de carregadores Africanos já não existem, e as bocas das armas de foco calaram-se há muito tempo, deixando a caça grossa maioritariamente para caçadores furtivos. Onde a caça é permitida, impõem-se quotas regras estritas, em nome do impacto ambiental e conservação das espécies.
Falar em safaris, para o mundo Lusófono, é sem dúvida falar em safaris em Moçambique, e nada simboliza mais as expedições em solo Moçambicano que o Parque Nacional da Gorongosa, uma área com uma história atribulada. Começa em 1920, como reserva de caça que foi crescendo até em 1960 ter sido decretada como Parque Nacional. A Gorongosa tornou-se rapidamente um paraíso de férias para estrelas de cinema e, em 1969, o censo de Kenneth Tinley dava conta de 200 leões, 2.200 elefantes, 14.000 búfalos, 5.500 bois-cavalos, 3,000 zebras, 3.500 hipopótamos, entre dezenas de outras espécies.
Já após a independência, os números viriam a ascender a 6.000 elefantes e aproximadamente 500 leões, mas a guerra civil em que a nação Moçambicana viria a mergulhar teve um efeito devastador no Parque, reduzindo os elefantes a cerca de 100 e fazendo desaparecer leões e outros grandes predadores. Desde 2004 e em colaboração com governos e instituições internacionais, Moçambique tem reestruturado o Parque em consonância com as comunidades locais e reintroduzindo diversas espécies: voltaram os búfalos, os leões, os elefantes. Ao mesmo tempo mudava o paradigma do que deveria ser um safari em Moçambique, já que urgia proteger a fauna bravia, acima de tudo.
Em nome da protecção das espécies, partir num safari em Moçambique é hoje em dia explorar o delta do Zambeze, ou mergulhar na Gorongosa, explorando o Grande Rift e o Lago Urema, vendo de perto alguns dos animais mais fascinantes de África no seu contexto natural, longe de jaulas, de circos. Tudo a bordo de veículos, minimizando a pegada ecológica, evitando perturbar as grandes feras.
Por isso mesmo, a ideia de um safari em Moçambique tem-se tornado para muitos a sua viagem de sonho, e a popularidade da nação Africana tem-se multiplicado no estrangeiro. O foco é na protecção do meio ambiente, das espécies, e fomentam o conhecimento aprofundado dos ecossistemas, hoje quando se procura corrigir os erros quase catastróficos do passado.
Sem o carácter bélico de outrora, descobrir África hoje, é descobrir as nossas raízes e as maravilhas de um continente que é ainda mais fascinante ao vivo, que no melhor dos romances. São argumentos mais do que suficientes para um safari em Moçambique ser a definição pura de inesquecível.
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