POBREZA
Poderia Ser Eu
Há milhões perambulando nas ruas
Na falta de um lar pra chamar de seu:
A noite fria queima a pele nua…
-Poderia ser eu…
Presos de uma moderna escravidão;
Gente que não sabe por que nasceu;
Miséria externa, interna solidão:
-Poderia ser eu…
Só vendo a dor, sem chance de amanhã,
Sem esperar mais dessa vida vã
Do que a liberdade do último adeus…
Ah, Deus! São meus iguais, meus semelhantes!
Minha ingratidão é tão humilhante…
-Poderia ser eu!
Enquanto busca riqueza.
Tudo se torna revoltante
por todo este sistema.
O mundo é intrigante
com sua lei e esquema.
Não há o que dizer
se não estas no poder.
E o que se pode fazer,
é só se defender.
Reúna sua platéia
Tente gritar um pouco,
é uma grande idéia;
vão te chamar de louco
Enquanto busca riqueza,
sua alma adormece
em grande pobreza
E a injustiça permanece.
Deus esta te olhando,
dando-lhe forças pra lutar
Mas você vive reclamando,
fingindo não acreditar.
Coração apertado de tanta dor
Amanhã, futuro incerto
Vivendo dia-a-dia de ilusões
Amarga a vida como a laranja de tamanho pudor.
Pobreza continua,
Pobreza degradante
Sujidade imensa
Não se sabe de sua pertença
Hoje, vi sem-abrigo
Rasgado na rua, pedindo clemência
De sua vida miserável
Tem sido tanta a sua resistência
Vida de sobrevivente
Com com seus pertences qual pedinte
Qual dormente
Pede paz de espírito, mais nada
Seus dias vazios
Vazios de nada
Seus olhos choram no canto do olho
Como fontes de lágrimas, como se fossem correntes de rios
Pessoas indiferentes, sem comiseração
Atravessam as ruas e as colinas da cidade
Pobres pedintes sem perspectivas
Pessoas vagas sem sentimento, sem coração
Agasalhos, mantas espalhados no chão
Limpam as calçadas de tanto sofrimento, de tanta dor
Chagas e feridas nas peles
Buracos infindáveis, pedem coração, pedem paixão
Pobres que fingem a dignidade que não têm
Batôns, rimeis, gravatas
Prestigio de outrora
Que o tempo levou e não há lá fora
Muitos são desempregados, outros idosos, outros ainda sem solução
Seu olhar não é de esperança
Mas do que eram em tempos, lembrança
Erosão, notada nas linhas do tempo que passa
Rugas, caras desformadas
Desenhadas pela concepção da idade
Tempo que atravessa a linha geracional
Que não dá tréguas, nem sabe o que significa generosidade
Vidas avessas, que caem no derrotismo
Sem objectivos, sem metas a traçar
Não há nenhum tipo de vitorismo
Vidas na sua íntegra para relançar
Rostos fechados, amargos
Sem chama e brilho no olhar
É difícil o seu despertar
É difícil olhar para si próprio
Zonas locais da cidade
Recanto seu favorito
Longe da plateia, longe de olhares desencorajadores
Há que suportar imensas dores
Sem-abrigo que canta
Seu males espanta
Da pobreza
Do mundo insensível que o rodeia
Autor do artigo: José Moreira

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