As plantas carnívoras são, continuam a ser, por muitos, consideradas como aberrações da natureza. Porquê se, na sua grande maioria são pequenas e de porte herbáceo?
Talvez as narrativas épicas tenham contribuído para esta imagem de criaturas terríveis que devoram as entranhas das presas. Na verdade as plantas carnívoras são, como todas as outras, verdadeiros milagres da natureza e merecem, por isso, a nossa atenção!
As espécies de plantas carnívoras no mundo
A investigação nesta área diz-nos que são cerca de seiscentas as espécies de plantas carnívoras espalhadas pelos cinco continentes – sendo na Austrália onde está a maior variedade específica, isto é, lá estão cerca de um terço de todas as espécies conhecidas.
Em Portugal estão referenciadas oito espécies de plantas carnívoras espontâneas, pertencentes a duas famílias: Droseraceae e Lentibulariaceae. Haverão mais, certamente, mas a ausência de estudos recentes de biologia, ecologia e distribuição não permite certezas exactas.
Espécies em Portugal
Drosophyllum lusitanicum – mais conhecidas em designação vernacular por orvalhinhas, são pequenas plantas carnívoras que aparecem em locais húmidos ou pantanosos. Tratam-se de espécies com uma distribuição ubíqua e, por cá, podemos encontrar duas espécies: Drosera rotundifolia e D. intermédia.
Como são as orvalhinhas?
Estas plantas carnívoras são vivazes e raramente ultrapassam os vinte centímetros de diâmetro. Possuem folhas modificadas, com uma forma semelhante à nossa mão, e encontram-se recobertas por aproximadamente duzentas glândulas pediculadas – por sua vez recobertas por mucilagem.
Agem assim: Após o contacto com a presa, que geralmente é um pequeno insecto que pousa com inocência sobre as suas folhas, as glândulas pediculadas começam a curvar-se para papar. Depois, são libertadas as enzimas digestivas, pelas glândulas, e faz-se a absorção dos produtos assimiláveis.
No fim deste processo, as glândulas e a folha retomam a posição inicial. Mas, amiúde, encontram-se os restos mortais dos insectos que por lá pousaram: esqueletos quitinosos. É a natureza!
Ainda na família Droseraceae,
há a erva-pinheira-orvalhada Drosophyllum lusitanicum – uma planta carnívora coberta por gotas brilhantes de mucilagem, linda, que faz lembrar o orvalho matinal. É uma espécie com cerca de vinte a trinta e cinco centímetros de altura. E onde aparece? Aparece em solos secos, siliciosos ou xistosos, e está confinada a algumas populações isoladas ao longo de uma estreita faixa litoral do nosso país.
As restantes plantas carnívoras, que nascem espontaneamente em solo Português incluem-se na família Lentibulariaceae. Trata-se de uma família com enorme heterogeneidade morfológica e nela se incluem plantas que vivem quer em lugares húmidos (as pinguicolas) quer em áreas completamente submersas (as utriculárias).
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