A moda das selfies veio para ficar e o ramalhete não ficaria completo – já que as há para noivado, casamento, depois do sexo, gravidez, nascimentos de bebés, situações de risco, funerais – sem a selfie do divórcio. Esta é uma novidade adiantada pelo site Dinheiro Vivo.
Casal une-se na desunião e formaliza o evento com selfie do divórcio: a moda das selfies reveladora da (falta de) privacidade moderna
Estavam todos muito mal no mundo quando havia privacidade – porque uma coisa é escrever para um mundo desconhecido de leitores, uma espécie de dialogismo saudável e comunicacional, e outra bem diferente é postar privacidade explícita. Eis que a moda das selfies invadiu as rotundas do planeta e daqui ninguém a tira.
Noticiados (até têm direito a notícia) como pioneiros no género divórcio (a gama de selfies disponíveis é já vasta mas nesta variante seria inédita), um casal de parvos consumou o divórcio com uma selfie fora da sala do tribunal que quererá dizer “Aqui está a separação mais amigável, respeitosa e amorosa que se possa imaginar. Não sorrimos porque acabou, mas porque aconteceu”.
O evento, imediatamente reproduzido nas redes sociais, terá tido um enorme sucesso justificado pelos inúmeros comentários positivos: “Amigos e familiares sempre pensaram que éramos pouco convencionais”, disse a parvinha.
Disputa pela custódia do cão teve final feliz e selfie do divórcio constitui evidência
Ora havendo um cão à mistura talvez a moda das selfies adquira menos pulgas, pelo menos por breves instantes. Na verdade, entre o seio do casal parvo havia um cão que, depreende-se agora, terá sofrido horrores por viver no meio da parvoíce. Sorte a dele que apanhou apenas com a partilha de parvos ao fim de semana.
Importante será referir que a onda solidária instalada entretanto nas redes sociais abonou a favor dos egos parvos, já que – conforme palavras de uma parva – “os nossos amigos estão orgulhosos de nós.”
Bem visto, quando é que foi mesmo que a moda das selfies, ou auto-retrato à portuguesa com certeza!, começou a picar o ponto? Terá sido por intermédio de um smatphone quando a actriz Ellen DeGeneres tirou uma foto de grupo com vários actores, na noite da entrega dos Óscares deste ano.
Posteriormente o Presidente Obama também fez uma selfie no funeral de Nelson Mandela. Daí até ter-se tornado em uma moda viral foi um instante e toda a gente quer auto-retratar-se em momentos de prazer ou de dor, de festa ou de tristeza, de euforia ou de depressão. E isto é grave. É grave por ser revelador de uma ex-fronteira, daquela que não existe mais na aldeia global: a fronteira entre o que é público e o que é privado. Porque não é falarmos de nós que deve ser privado – isso será até um forte sinal – pela dificuldade que acarreta – de privacidade. O que deixou de ser privado diz respeito à necessidade de aprovação e de reconhecimento dos outros perante nós.
DEIXE UM COMENTÁRIO