Duzentos Snickers em dois meses
Comer chocolate em série não seria de todo o conselho dietético de que nos poderíamos lembrar de dar a um desportista, mas foi precisamente o que fez Paul Alexander, de 50 anos, enquanto remava em torno da Irlanda com o seu caiaque, informa o Daily Mirror.
Paul Alexander realizou uma proeza que poucos homens teriam conseguido realizar.
Só não estamos certos se a proeza foi navegar mais de 10,000 quilómetros em torno da Irlanda, ou a prodigiosa quantidade de chocolate que ingeriu em igual período. Ao longo dos 62 dias da sua aventura, foram cerca de duzentos, ou seja: pelo menos 2 por dia.
Não foi obviamente o único constituinte da sua dieta aventureira. Paul, que diz que tudo poderá ter sido uma crise de meia-idade, mas algo que ele certamente sentiu que tinha de fazer enquanto podia, regressava a terra todas as noites, acampando na praia. Aí ingeria igualmente peixe fresco e fruta, e teve igualmente a oportunidade de conhecer habitantes locais que não hesitavam em o apoiar com alimentos.
Perigos, passou por muitos, tendo inclusivamente ficado 45 minutos na água após a sua canoa se ter virado. Em troca, diz ter vivido uma aventura inesquecível, descoberto cenários incríveis e pessoas ainda mais interessantes.
Resta agora saber se nos seria mais difícil remar ao longo destas distâncias enormes ou comer três Snickers por dia!
Um chocolate com história
Para qualquer pessoa sedentária, três barras de chocolate com amendoim todos os dias não seria mais do que uma doce maneira de conquistar problemas cardiovasculares e diabetes, mas o alto teor energético do chocolate não deixa de ser altamente útil para pessoas envolvidas em actividades desportivas intensas. Como remar mais de 10,000 Km em mar aberto!
A famosa barra de chocolate tem muita história sobre os seus ombros. Foi inventada em 1930 por Frank Mars (conseguem adivinhar que outro chocolate famoso foi inventado por este senhor?) e baptizado com o nome do seu cavalo favorito.
Não é a primeira vez que a barra de chocolate tem ligação ao desporto, tendo patrocinado os Jogos Olímpicos de 1984. Durante a Guerra do Golfo, em 1991, cada soldado Americano recebeu de prenda de acção uma barra de Snickers congelada!
Com uma média de 16 amendoins, ninguém poderá negar que este é um chocolate carregado de energia e calorias úteis para qualquer desportista, mas a seguir a dieta de Alexander, poderíamos estar perto de uma “tragédia mundial”.
Afinal, segundo declarou recentemente a Bloomberg, os preços do cacau poderiam escalar até 14% em 2015, e duplicar até 2030. Porquê? Porque existe actualmente um défice de 700 mil toneladas entre a quantidade de cacau produzida e a ingerida, por diversos motivos, incluindo o aumento apreciável da procura de chocolate em países emergentes da Ásia, particularmente a China, que entre 2010 e 2014 passou de 40 mil toneladas de cacau consumido, para 70 mil toneladas. Também a Índia terá quase duplicado o seu consumo.
As razões pelas quais a produção de chocolate não consegue acompanhar são várias. Desde logo, vários países produtores encontram-se actualmente envolvidos na epidemia de ébola, com fronteiras fechadas e prejudicando o comércio do cacau. Por outro lado, a planta é altamente complexa de produzir, só dando frutos após 2 anos e necessitando de 10 anos para se verificar se a sua qualidade é suficiente. Em contraste com este período alargado, estima-se que pelo menos um terço das plantas sejam afectadas por diversas doenças que colocam em risco todas as colheitas, fazendo do chocolate – especificamente do cacau – uma cultura particularmente difícil de manter com lucro e estabilidade, ainda mais sendo os seus produtores países com situações económicas e políticas de alguma instabilidade.
Entretanto trabalha-se por isso em soluções que permitam aumentar a produção de cacau, por um lado através da modernização dos meios de produção e distribuição, e por outro através do desenvolvimento de novas estirpes de cacaueira, através da manipulação das plantas actuais.
Por isso, Paul Alexander poderá continuar a alimentar o seu remo com barras de chocolate, e comer várias por dia. Embora o futuro do chocolate não se avizinhe fácil, o chocolate ainda chega – e sobra – para todos.
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