O Benfica conquistou no domingo de Páscoa o seu 33º título nacional. Este é um desfecho que já se vinha a fazer prever desde Janeiro, mas que pareceu impossível no início da época.
Depois do traumático desfecho da época anterior, o presidente Luís Filipe Vieira foi contra tudo e todos e fez uma aposta vincada na continuidade. Manteve o plantel e acima de tudo manteve o treinador que, mais do que, em quatro épocas apenas ter conquistado um campeonato e ter desperdiçado outros dois quando já se encontrava em boa posição, perdeu quase tudo no último minuto da época passada. Pelo contrário, Pinto da Costa deixou (mandou?) sair o treinador bi-campeão para as Arábias.
Mas voltemos à continuidade, pois parece que terá sido este o factor de desequilíbrio. Podemos dizer que em Portugal fazer duas épocas consecutivas no mesmo clube já é um feito digno de nota para um treinador, então que dizer das cinco consecutivas de Jorge Jesus à frente do Benfica?
Apesar de todos os reveses e a personalidade pouco consensual do treinador benfiquista, parece de facto haver um projecto sustentado no Benfica actual. Na verdade, não fosse as agruras do destino e erros próprios, o Benfica poderia ter festejado o seu bi ou tri-campeonato. Mas o que lá vai, lá vai e agora o importante é olhar para o futuro e construir por cima deste crédito firmado esta época (que ainda não se sabe se vai trazer mais algum título para a Luz).
Como será o Benfica da próxima época?
Com Rodrigo e André Gomes vendidos a um fundo, é quase certo que nenhum dos dois continuará na Luz na próxima época. Gaitán e Garay jogadores que todos os anos são transferidos em negócios mediados pela comunicação social muito dificilmente estiveram tão perto de sair como agora.
Algumas saídas serão sempre mais difíceis de resolver do que outras. Há jogadores emprestados a aguardar (novas) oportunidades como Lisandro López, Pizzi, Ola John e Nélson Oliveira, mas há outras hipóteses a ter em conta.
Formação
Um dos temas quentes e mais vezes trazidos à baila quando se fala do Benfica é a formação de jovens jogadores. É extremamente raro ver algum jovem proveniente da formação singrar no Benfica. Mas este é um sonho comum à massa associativa e uma meta muitas vezes traçada publicamente pelo presidente.
Haverá condições para tal?
Num clube obrigado a ganhar sempre como o Benfica, a pressão é uma constante e os desafios não se compadecem de algum momento mais relaxado que possibilite o lançamento de jovens sem grande risco. No entanto, mais do que nunca parecem estar lançadas as bases para que este paradigma se altere. Com a recuperação da equipa B o ano passado, criou-se um espaço que possibilita a passagem de júnior a sénior dentro do seio do clube.
Desde aí já vimos André Gomes, André Almeida e Ivan Cavaleiro conquistarem gradualmente alguma espaço entre os graúdos. A tendência será para aumentar estes casos, pois a fornada a saltar para a idade sénior é unanimemente considerada como muito talentosa. Aliás, se houvesse dúvidas, o percurso na Liga dos Campeões de Juniores dissipou-as.
No fundo, há uma crença geral de que independentemente de quem sai há internamente quem possa segurar o lugar. Este raciocínio é sustentado pelos casos de Witsel, Javi Garcia e até o próprio Matic. Advinha-se um defeso conturbado em termos de imprensa este Verão, mas a realidade poderá ser pacífica pois parece, de facto, haver um caminho traçado.
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