Ao contrário de nós, seres humanos, se os animais falassem, ou antes, se nós entendêssemos a sua própria linguagem, decerto acabaríamos boquiabertos com tamanha compaixão. Nós, humanos, temos uma imensa facilidade em “cortar na casaca” do próximo e muita dificuldade em perdoar, mas e os animais?
Vivi cerca de 24 anos da minha vida com gatos, todos apanhados na rua ou nascidos em casa. Animais fantásticos de personalidades fortes e muito independentes. Ser escolhido por um gato é a melhor sensação que há, ele elege-nos como “dono” e dedica-se da forma mais pura e bela que pode existir. Crescendo e saindo das asa familiar decidi embarcar numa nova aventura…cães!
Alguma vez sentiu a gratidão de um cão adoptado? Respeito todas as raças e infelizmente, nos dias de hoje, nem as raças estão a salvo do abandono e mau trato. Mas se abrirmos os olhos para o mundo e deixarmos de evitar o que nos causa incómodo e dor, rapidamente percebemos como a compra de um animal faz cada vez menos sentido. Visitando os canis e associações facilmente se percebe que apenas em tempos de outrora serviam de lar dos ditos cães sem raça. Lamentavelmente hoje em dia nenhum patudo está a salvo e até por ladrarem são abandonados, para não referir exemplos piores.
Há 7 anos tive a graça divina de adoptar uma cadela dita de raça potencialmente perigosa (RPP). A perigosidade dela mede-se pela força da lambidela, uma vez que de agressiva não tem rigorosamente nada. Apesar de a ter adoptado ainda com 4 meses de idade, todos os dias sinto a sua mais pura gratidão pela vida que lhe dei, quando na realidade, ela não percebe que eu é que sou grata por tê-la na minha vida. Claro que eduquei um cão felino que com os seus quase 30 quilos salta para as costas do sofá como se de um gato se tratasse mas, é dos bens mais preciosos que tenho. Não a refiro como O bem mais precioso porque não é a única na família. Além dela, mais 2 se juntam à família, outra RPP de 12 anos de idade, uma verdadeira sénior e um rafeirinho de 12 quilos muito especial, não tem pêlo. Outra dádiva do mundo animal que quis o destino oferecer-me.
Um caso específico tocou-me de uma forma perturbadora, havia confirmado o que é a crueldade humana. Percebi que chorar deste lado não fazia a diferença, então decidi ajudar com o mínimo que podia e…foi amor à primeira vista. Hoje, numa casa com mais animais do que humanos, apenas posso dizer que mais feliz seria impossível. Enchem-me o coração, transformam qualquer mau dia em alegria e nada, mas mesmo nada paga a gratidão diária com que me amam tão imensamente como os amo.
Que bonito texto! Subscrevo todas as suas palavras! Felizmente há cada vez mais humanos atentos à triste realidade em que muitos vivem em Portugal! Mas o caminho faz-se, caminhando! Um dia havemos de chegar mais longe, todos juntos! Bem haja
SV
Obrigado pelas palavras, Sónia Vieira. Importante é que percebamos que apenas lamentar não gera nenhuma melhoria e que, nem que com pequenos gestos, a mudança começa a a acontecer e se todos contribuirmos um pouco, como disse e muito bem, conseguimos chegar mais longe:)
Grata