O meu copo de uísque
Estou num bar rodeado de pessoas, mas só com o meu copo de uísque e duas pedras de gelo. Com 60 anos relembrei-me dos tempos em que comecei o meu relacionamento com a minha mulher.
Tinha 19 anos quando entrei na sala de aula de economia. Naquela altura olhei para os meus colegas e vi a rapariga mais bonita da sala
( segundo os meus olhos ). Era uma rapaz um pouco gordo, mas um bom aluno, no entanto, tinha um senão, era tímido. A seguir à aula tentei aproximar-me dela, mas não consegui. Fui para casa, e só me lembrava duma coisa, daquela beldade.
Passou um semestre e eu só reparava nela, a minha cabeça só imaginava o quanto desejava dizer-lhe:- Gostava de sair contigo.
Até que num dia chuvoso, reparei que ela perdera o autocarro. Nessa altura, aproximei-me dela a correr e perguntei:- Queres boleia? A menina dos meus olhos demorou uns segundos a responder, que me pareceram minutos. Enfim, ela respondeu com um sim.
Tinha um carro velho, com a pintura enferrujada, em que se tinha de bater as portas com força. Reparei nos seus lindos cabelos pretos e os seus olhos azuis, tinha um sorriso que iluminava qualquer lugar. Durante a viagem demorámos alguns minutos para dialogar. Quando chegamos dela, agradeceu-me. Mas não saiu do carro. Começamos a conversar, a rir e no , a Maria deu-me um beijo na face e piscou-me o olho.
Entretanto pedi outro copo de uísque
A partir daquela boleia tudo mudou. O nosso relacionamento começou a surgir, conversávamos muito, riamos muito, começava uma bela amizade.
No final do curso estávamos a namorar, eu acabei o curso de economia com 15 valores e a minha namorada com 19.
Passados uns anos casamos pela igreja, tivemos um casamento mais bonito. Ambos encaixávamos, como se fossemos um puzzle.
Vivíamos modestamente no inicio das nossas carreiras. À medida que o tempo ia passando a nossa família aumentava. Os nossos salários davam para ter dois carros e uma bela moradia. Os nossos filhos cresciam com tudo, e tinham tudo o que pediam.
Até que um dia saíram de casa e casaram. Para os dois foi o momento mais doloroso, mas o relacionamento entre nós tornou-se mais forte.
Passaram-se anos sem saber dos nossos filhos.
Um belo dia vim a saber através de um amigo que eles não se falavam e os seus empregos estavam em risco. Contei à minha esposa o que me contaram, e só me lembro de a ver lavada em lágrimas. Infelizmente o relacionamento entre eles não existia.
Até que um dia de manhã aparece e diz:- Pai perdi o emprego. E eu perguntei sabes alguma coisa do teu irmão ? A resposta: Sei que emigrou porque perdeu também o trabalho e separou-se da mulher.
Hoje em dia, vejo as pessoas a correr para os transportes, infelizes com os seus empregos. O Relacionamento entre os países da Europa também não é grande coisa, olham para o seu “umbigo”.

DEIXE UM COMENTÁRIO