O PIB, Produto Interno Bruto, anda nas bocas do mundo – o mesmo é dizer da comunicação social, como alegado indicador do bem estar humano. Mas será mesmo assim? Ao mensurar o tamanho e a riqueza de uma economia o PIB estará a levar em conta, por exemplo, o estado social?
Medirá mesmo tudo, o PIB Produto Interno Bruto?
Cada vez mais questionado acerca de constituir uma medida de bem-estar social, o PIB Produto Interno Bruto, que nasceu no calor da grande depressão dos anos 30, está viciado em si mesmo. Como tão bem disse Bobby Kennedy em finais dos anos sessenta: o PIB “mede tudo, excepto aquilo que faz a vida valer a pena”. Porque é precisamente ao eliminarmos os indicadores económicos que conseguimos ver e entender o progresso social. Quem o diz não sou eu, apesar de reiterar o argumento; quem o diz é Michael Porter.
(a imagem aqui ao lado remete-nos para o progresso social no mundo nas tonalidades mais escuras)
O Índice de Progresso Social
A proposta de um novo mecanismo alternativo ao PIB Produto interno Bruto para medir o bem estar social terá sido adiantada ao mundo, tendo como referência alguns indicadores de bem-estar social, do estado social, recolhidos em 54 países:
- acesso às escolas;
- cuidados de saúde;
- um meio ambiente limpo;
- saneamento;
- nutrição.
A esta altura é mesmo impossível não fazer um paralelismo com o que se passa em Portugal desde a entrada em vigor do Governo de Passos Coelho. Exceptuando o saneamento – o básico dos básicos em termos de desenvolvimento – e o meio ambiente limpo, onde é que pára o estado social nas escolas e nos cuidados de saúde? Sim, porque com este andamento até a nutrição fica em risco – não apenas pela escassez de poder de compra como pela degradação da dieta alimentar dos portugueses.
Sabe quantas famílias devem comer rissóis fritos todos os dias ao almoço e ao jantar?
O que os argumentos questionam
Aferir o que o PIB Produto Interno Bruto não mede implica responder, pelo menos, as estas três questões:
- O país pode prover as necessidades mais básicas dos seus habitantes?
- Foram dadas as bases de sustentação para que pessoas e comunidades consigam melhorar o seu bem-estar de forma sustentável?
- Existem oportunidades para que todos os indivíduos consigam alcançar o seu máximo potencial?
Obviamente quem consegue sustentar as respostas a estas questão são, em uma lista que incorpora 132 países, os países nórdicos e as democracias liberais como Nova Zelândia, Austrália e Canadá. Depois, aparecem cinco membros do G7: Alemanha, Reino Unido, Japão, Estados Unidos e França.
O PIB viciado
Sabia que o Japão fica abaixo da média no que concerne ao bem-estar e oportunidades e tem baixa pontuação no que à tolerância e inclusão diz respeito?
E que os Estados Unidos ocupam a posição 23 na categoria de provimento de necessidades básicas mas, no entanto, é o quinto país quando se fala em oferecer oportunidades?
E que o Brasil tem uma boa posição relativamente a liberdade de expressão, tolerância e acesso à saúde básica mas desce para negativo na violência, saneamento e acesso ao ensino universitário?
Como vê, e sem sombra de dúvidas, o PIB Produto Interno Bruto mede tudo menos o que é mesmo importante!
Anomia social
Teorias e práticas políticas que queiram sustentar o desenvolvimento e progresso de um país pelo PIB Produto Interno Bruto, ou seja, pelo crescimento económico criam inquestionáveis perfis de anomia social.
Sabe o que é anomia social? É o perfil com que se apresenta, neste momento, Portugal!

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