Há poucas mazelas mais incomodativas que o herpes labial, esse inimigo dos lábios saudáveis que é capaz de nos atacar de súbito e quase sem aviso.
Mas o maior aliado do herpes labial são mesmo os mitos tão erroneamente associados a si. Se não acredita no pai natal nem no coelhinho da páscoa, não acredite em tudo o que lê repetido pela internet sobre o herpes labial. Conhecer os factos e procurar um dermatologista rapidamente são dois passos essenciais para tratar herpes labial.
Herpes labial: o que é?
O herpes labial, também conhecido como herpes facial, caracteriza-se pelo surgimento de bolhas cheias de fluido em várias zonas da pele ou das mucosas que se apresentarão sensíveis e doridas. Embora as bolhas sarem sem qualquer cicatrização, têm uma tendência para retornarem devido a diversos factores.
O herpes labial é causado pela variante 1 do vírus do herpes simplex (HSV-1), sendo o herpes genital provocado pela variante 2 (HSV-2). Apesar de serem duas estirpes diferentes, é possível haver contaminação da boca para os genitais, embora o contrário seja incomum e raro.
Ao contrário do que dizem muitas concepções erróneas sobre o herpes labial, este não se transmite entre indivíduos pelo contacto indirecto através de objectos, já que uma vez fora das células infectadas, o vírus morre rapidamente. Do mesmo modo, embora ligado à actividade sexual através da qual se transmite, o período de contágio mais frequente é a infância, através do contacto com parentes infectados. Assim, a maioria dos contágios terá ocorrido entre os 3 e os 5 anos, mas só uma em cada três pessoa desenvolverá sintomas.
Isto coloca em causa outro mito sobre a herpes, nomeadamente o facto da pessoa infectada o saber sempre. Na verdade, o vírus pode ser transmitido na ausência de sintomatologia visível.
Herpes labial: sintomas.
Quando surge uma infecção por herpes, os vírus viajam ao longo dos nervos para um conjunto de nervos perto do ouvido, onde permanecem escondidos até serem reactivados, por episódios de febre, exposição solar ou função imunitária comprometida.
O herpes pode não causar quaisquer sintomas, mas mais frequentemente desenvolverão úlceras dolorosas tanto no interior quanto no exterior da boca, cuja duração sem tratamento ronda os 14 dias.
Após o tratamento, o vírus parece desaparecer, mas como permanece inactivo no corpo e tenderá a voltar regularmente. Reconhecer um episódio de herpes labial é por isso um modo imprescindível para um tratamento rápido. De modo geral, os sintomas de um surto de herpes são (por ordem):
- Sensação de comichão na pele (podendo ser acompanhado de febre, cansaço ou dores musculares);
- Inchaços ligeiros;
- Formação de bolhas dolorosas com líquido no interior;As bolhas rebentam, formando úlceras com líquido;
- As úlceras secam, desenvolvendo crostas e desaparecendo ao fim de 8 a 10 dias.
O que despoleta um episódio de herpes labial?
Infelizmente a maioria dos factores que desencadeiam um episódio de herpes labial ou facial estão fora do nosso controlo quotidiano e há pouco que possamos fazer a não ser estar atentos aos primeiros sintomas (comichão e inchaços). No entanto, conhecer os factores desencadeantes pode tornar mais fácil detectar um surto precocemente:
- Exposição à luz solar
- Função imunológica diminuída (devido a constipações ou outras doenças)
- Febre
- Frio ou condições meteorológicas extremas
- Stresse e fadiga
- Menstruação
Se durante qualquer um destes eventos suspeitar que está a desenvolver um episódio de herpes, deve adaptar os seus comportamentos em conformidade, uma vez que já poderá infectar terceiros. Como o vírus também pode ser transmitido para áreas não afectadas, não é recomendável que se manuseiem as úlceras ou bolhas.
Evite por isso beijar, partilhar utensílios ou toalhas faciais. Do mesmo modo, para evitar transmissão para outras porções do corpo, evite comportamentos como a utilização de saliva para limpar lentes de óculos ou lubrificar lentes de contacto.
Diagnóstico e tratamento da herpes labial.
Embora o herpes facial seja mais frequentemente provocado pelo HSV-1, a infecção por HSV-2 é também possível, pelo que deve procurar um médico dermatologista que diagnostique correctamente a sua condição e prescreva um tratamento adequado.
Perante surtos frequentes, o dermatologista é o único que poderá receitar antivíricos e sugerir a aplicação de soluções que contenham sulfato de zinco. Acima de tudo, não perca tempo com soluções caseiras ou segredos familiares, já que estes remédios podem não só não ter impacto positivo, como poderão mesmo piorar os sintomas do herpes.