Sabia que o consumo de álcool mata?
O consumo de álcool faz morrer muita mais gente do que a sida, do que a violência e do que a tuberculose. Não estou a inventar nada: são dados do Relatório global sobre o álcool e a saúde 2014.
Onde para a lei?
Passou um ano por entre as novidades introduzidas pela lei n.º 50/2013 que proíbe a venda de bebidas espirituosas, adolescentes, a menores de 18 anos e de qualquer tipo de álcool a menores de 16 anos. Cerveja, bebidas brancas e shots continuam a fazer as delícias e as desgraças no consumo de álcool. Mudou alguma coisa?
Mudaram as queixas relativas a comportamentos indevidos em postos de combustível durante a noite. E foi só. Bem bom.
Continuam a entrar nos bares, adolescentes ainda em desmame, a desbundar no consumo de álcool. Ou então, continuam a andar pelas ruas com garrafas que trazem de casa.
Vivem na euforia da noite inflamável pelo álcool que carregam depois de irem ao supermercado da esquina abastecerem-se. Ninguém lhes pede o cartão de cidadão: elas já têm corpo de mulher e eles voz de homem, são precoces e o consumo de álcool faz parte da precocidade adquirida.
E os comerciantes, preocupados em levar o negócio para a frente, também fingem acreditar nisso: é a crise, bem mais do que económica e financeira, de valores que a humanidade atravessa. Ou com que faz o caminho, talvez assim esteja melhor, já que do outro lado continua a avistar-se o vazio. Não há pontes, só margens. E marginais em potência.
As coimas
Trinta mil euros não assusta ninguém. Nem o encerramento dos estabelecimentos infractores durante umas horas. Nem durante dois anos. Os comerciantes querem vender e a chavalada quer comprar – não há conflito, apenas uma negociação implícita para o consumo de álcool sempre excessivo, sempre triste e a descambar. Adolescentes a descambar.
Bem mais do que a vergonha, também os pais passam atestados de auto-irresponsabilidade: são notificados perante o consumo de álcool exagerado dos filhos. Mais do que uma vez, ficam inscritos nas listas dos núcleos de protecção de crianças e menores em risco. Coisa insignificante.
Todos os miúdos saem à noite hoje em dia. Não há livros nem filmes nem jogos nem amigos que lhes prenda a vontade. Não há pais que minem a irresponsabilidade. Sair de noite por aí é normal e indício de progresso. É cool beber e mais cool ainda beber muito, dizer disparates, fazer distúrbios e estragar a saúde com ilusões baratas e explosivas. E por outro lado, é coisa de cotas antigos inibir os filhos de viverem precocemente. os pais dos adolescentes têm de ser bué de fixes!
É um mundo e uma sociedade de aparências e de ideias em massa. É um mundo triste e permissivo com adolescentes bêbedos.
A ASAE frenética
Não sabem: os comerciantes não conhecem a lei, coitados. Ou então fazem questão de desafiá-la. Esquecem os filhos que têm e fazem por não se lembrar dos que não têm – dos filhos dos outros, meros clientes.
Depois, espertamente ignorantes, os miúdos pedem a graúdos que vão buscar as bebidas. Alegria, noite, farra, consumo de álcool, ignorância, irresponsabilidade, hálitos podres e cérebros moribundos: contornar a lei é fixe.

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