Agências funerárias vs empresas
Em 2001, a Servilusa revolucionou o mercado das agências funerárias em Portugal, alargando o leque de opções disponíveis num mercado até então tradicionalista. Mas para aqueles que – como eu – se habituaram à ideia de que um agente fúnebre é desde logo um rosto amigo, esta postura empresarial não irá agradar.
Mas onde encontrar boas agências funerárias em Lisboa, com uma postura intimista e amigável?
A agência funerária Lusitana encontrei-a por acaso numa reportagem que a Revista Sábado fez com o seu director técnico, perito em tanatoestética, e a sua postura deixou-me curioso.
Uma agência funerária, uma família
Nasci e cresci na aldeia de S. Pedro da Cova, hoje vila «reorganizada» com a vizinha Fânzeres, ambas do concelho de Gondomar, grande centro nacional da filigrana e dos ourives, e desde que me lembro que a agência funerária Gandra foi uma constante nos tristes momentos de falecimentos em família, levando para o eterno descanso várias gerações dos meus parentes.
A Funerária Gandra é um tipo de empresa em vias de extinção: é uma agência funerária familiar. Como é tão típico numa pequena aldeia, quando uma agência funerária adquire tamanha omnipresença nos nossos piores momentos, é inevitável que ambas as famílias criem laços de amizade.
Assim, vi o Fernando Gandra envelhecer a par e passo com o meu próprio pai, e o seu rosto, tão conotado com a partida de familiares amados, tornou-se igualmente uma presença em batizados e comunhões, casamentos até, esses momentos em que as novas gerações se preparam para perpetuar o que os partidos iniciaram.
Brinquei com os seus filhos. Vi-os crescer. Vi-lhe a família solidificar-se e, quando o velho patriarca Gandra faleceu, eu – que pensava que aos agentes funerários escudava da morte a providência – vi a minha própria família no seu velório e subsequente funeral.
Talvez só quem veio do meio rural compreenda a importância de tal postura, e de confiar os nossos entes queridos apenas aos que sentem cada gesto, porque a empatia e o respeito sincero pelo sofrimento alheio não se ganham com a assinatura de um papel.
Agências funerárias em Lisboa: que opções?
Posso soar tristemente retrógrado, mas a minha estranha relação com o clã Gandra cimentou em mim aquela peculiar ideia de que a nossa família não a confiamos a desconhecidos com faces de porcelana e gestos ensaiados, coreografias ajustadas ao orçamento.
Aqui na grande metrópole que é Lisboa, não posso deixar de me perguntar quantos de entre nós conhecem essa sensação: do serviço fúnebre todavia como um local onde velhos amigos se encontram e os apertos de mão entre mestres de cerimónias e enlutados não selam contratos, mas celebram memórias comuns e renovam amizades de longa duração.
Encontrar na capital um tal serviço pode ser impossível, perdidos os laços com as terras das quais viemos, mas ainda assim é possível fazer mais do que o recurso aos hipermercados fúnebres. Os directórios como http://agenciasfunerarias.pt/ ajudam-nos, mas é quase impossível distinguir as boas agências funerárias das medíocres.
Qual a mais familiar agência funerária em Lisboa?
De novo, a Lusitana, que se destaca, e por vários motivos. Primeiro oferece um extenso leque de serviços. Mas acima de tudo tem uma imagem que nos fala de igual para igual, com uma louvável preocupação em prestar informação clara e útil sobre todas as coisas fúnebres, não apenas aquelas que requerem um telefonema e a ocorrência de um serviço fúnebre.
A Lusitana oferece serviços de tanatoestética, tanatopraxia, contratos em vida, florista, documentação, exumações e trasladações, mas o cerne da questão não é o quê, mas o como: olhando-nos na face e através de uma linguagem intimista e sem ostentações institucionais.
Com uma linguagem que nos compreende, dando a face, a Lusitana talvez não seja a agência funerária de aldeia do rapaz que andou com os nossos pais no liceu, mas certamente não é a teia empresarial que no envia a última peça na sua engrenagem.
A sua postura proximal, amistosa, é típica de quem gere o seu negócio como uma missão para com o próximo, não uma folha de contabilidade e compreende que em algo tão íntimo quanto um serviço fúnebre, são estórias e memórias que se celebram, não apenas contratos que se liquidam.
É certo que não anseio por descobrir quão certo estou em relação às virtudes da A Lusitana. Mas não deixa de ser reconfortante encontrar quem ainda entenda que o negócio fúnebre tem algo de sagrado e humano, algo que representa um derradeiro acto de respeito e afecto para com os que partem, que não se subjuga a imperativos contabilísticos ou estratégias de marketing duvidosas.