Portugal atravessa uma das mais graves crises sociais e económicas da sua história. Ordenados baixos, aumento de impostos, a crise económica mundial e outros factores têm contribuído para um agravamento brutal das condições de vida da população portuguesa.
Muitos consideram que Portugal enquanto sociedade está a regredir para níveis próximos dos verificados antes do 25 de Abril, o que é uma realidade deveras preocupante.
A tal “saída limpa” do programa de ajustamento económico (vulgo Troika) parece estar para breve, mas o clima de tensão parece não desanuviar. O desemprego espera-se que continue a aumentar este ano.
Portugal é um país a ficar envelhecido e que não consegue criar oportunidades para os jovens que andaram anos a estudar e finda a faculdade não têm colocação no mercado de trabalho. Em consequência desta gritante falta de oportunidades temos assistido a uma “diáspora” como há muito não se via.
Ora, tal facto não só é um problema por obrigar jovens a abandonar o seu país, a sua família e no fundo a vida que sempre conheceram como o país perde jovens não poucas vezes altamente qualificados que vão dar asas ao seu talento lá fora.
Do ponto de vista social há a agravante de o país ficar cada vez mais envelhecido. Se os que ficam têm cada vez menos filhos e mais tarde, o que será se os mais novos continuarem a abandonar o país desta forma.
A falta de oportunidades no mercado de trabalho é enorme e atinge com maior crueldade aqueles que já com a vida formada (na casa dos 40) se vêem sem emprego. Nessa fase da vida, o mercado de trabalho tem tendência a olhar para essa pessoa como nem muito nova nem muito velha para trabalhar. Esta situação tem consequências nefastas e origina um desenquadramento social enorme nas pessoas. Infelizmente, tem-se verificado muitos casos do género e que posteriormente podem conduzir a graves dificuldades económicas com consequências ao nível das necessidades mais primárias e por vezes até ao nível da exclusão social.
O empreendedorismo tem estado na ordem do dia, mas a verdade é que embora os mais jovens estejam mais capacitados e predispostos para esta nova realidade, esta é uma luta feroz que não garante o sucesso da maioria.
Do ponto de vista social, Portugal é um barril de pólvora. Costuma-se dizer que somos um país de brandos costumes, mas quantas vezes os portugueses se terão visto tão reprimidos quanto agora? O panorama já ultrapassou a falta de confiança nos homens que, supostamente, deveriam governar a nação. Neste momento paira no ar um clima de enorme contestação e revolta dirigida em todas as direcções. Será possível que sem melhorias nos tempos próximos, podermos vir a assistir a algum tipo de revolução do estado de coisas actual?
DEIXE UM COMENTÁRIO