São cruzeiros terra a dentro, e há sem dúvida um mercado crescente para os cruzeiros fluviais nas cidades mais belas da Europa, com algumas empresas a apostarem em navios cujo luxo pareceria impossível apenas há alguns anos. Foi o que pensou o autor quando leu no Daily Mail sobre o S. S. Maria Theresa, o mais recente navio fluvial da Uniworld e, incontestavelmente o mais luxuoso. É um verdadeiro palácio barroco flutuante com as cores da nobreza Habsburgo, a decoração de folha dourada e veludo azul, elaborados padrões de paredes e candelabros. Verdadeiramente algo que tem de ser visto para ser acreditado.
O rio Douro, paraíso para cruzeiros fluviais
Mas bem aqui perto, temos um dos tesouros por descobrir da Europa, o rio Douro, um destino ímpar em todo o panorama Europeu de cruzeiros fluviais.
São as suas escarpas, mas também o vinho de renome internacional. É o facto de passar por dois países e ter ao longo dos seus quase 900Km de extensão paisagens tão diversas quanto extensos campos de cultivo, ou localidades como San Esteban de Gormaz, com as suas habitações em cavernas e a arquitectura Românica. Pelo meio, Tordesilhas, onde em 1494 Portugal e Espanha dividiram o mundo entre si, ou fabulosa antiga linha do Douro, até chegarmos a Vila Nova de Gaia e ao Porto, destinos turísticos que em anos recentes têm conquistado um justo lugar entre as preferências internacionais.
A variedade de paisagens, gentes, povoações e eventos históricos, tornam o Douro um destino privilegiado e com diversidade ímpar para cruzeiros fluviais que se querem enriquecedores para o espírito e tonificantes para o corpo.
Cruzeiros fluviais: navegar no coração da Europa
Mesmo quando a grande expansividade dos oceanos se abre à nossa frente, as agências de viagens apostam cada vez mais nos cruzeiros fluviais e nos cruzeiros de enriquecimento cultural. Afinal, um cruzeiro tradicional permite-nos visitar diversos países, mas não necessariamente por muito tempo e sempre junto à costa.
E os tesouros que se encontram no centro dos continentes, inacessíveis para qualquer grande navio e os seus passageiros? Essa é uma questão que tem ocupado a mente do autor e à medida que as respostas surgem, as possibilidades multiplicam-se.
Com o rio Douro a crescer em popularidade mundial, o rio Tejo não fica atrás, mas por toda a Europa os cruzeiros fluviais são uma oportunidade rara de conhecer paisagens e localidades distantes, na serenidade das águas, sem as grandes ondas marítimas e as longas horas em mar alto.
O Sena é um clássico. Mas viajar pelas margens da “cidade das luzes”, conhecer o fabuloso Versailles ou Notre Damme, não são tudo o que podemos esperar das águas deste rio mítico.
Mais a Leste, o Reno leva-nos por cinco nações diferentes, à medida que passamos pelas fronteiras entre a Suíça e a Áustria e Alemanha, antes de passarmos pela França e entrarmos no território da Renânia, até desaguarmos nas costas da Holanda. Pelo caminho ficam os Alpes, os castelos românticos como Stolzenfels, as povoações medievais, a velha Dusseldorf ou Mainz.
Mas se o Reno não é suficientemente romântico para si, o rio mais comprido da Europa aguarda-o: o Danúbio, símbolo da Valsa, com as magníficas pontes de Bucareste e o seu gigantesco Castelo de Buda, mas também Bratislava, Viena, ou Ulm na Alemanha com uma magnífica catedral.
Poderia mencionar o Volga, de S. Petersburgo a Moscovo, incluindo o anel dourado de cidades chamadas por alguns como “museus ao ar livre”, mas a verdade é que não temos de ficar na Europa e os rios do mundo são agora locais a descobrir por um mundo que um dia se virou para os mares e continentes distantes.
E hoje em dia os cruzeiros fluviais são muito mais do que viagens de algumas horas sentados a uma janela. Em nenhuma outra modalidade de viagem é possível visitar tantas cidades com tal serenidade, e a decoração palaciana de alguns navios fluviais é assombrosa. O únicos impedimentos para cruzeiros fluviais inesquecíveis são o orçamento e a falta de tempo, mas se este autor não for capaz de ultrapassar ambos, porque não o há-de ser o caríssimo leitor?
Para este Verão, do Douro ao Volga, do Nilo ao Ganges, os cruzeiros fluviais por entre tesouros bem dentro de terra firme são para 2015 um verdadeiro must.